By Gus Hansen - Membro do Team Full Tilt
Muitos jogadores entendem conceitos que envolvem acumular um grande stack de fichas durante um torneio. O que eles não entendem, entretanto, é como usar suas fichas efetivamente, depois que conseguem acumular stacks gigantes. Assim que percebem que estão com muitas fichas, muitos jogadores querem controlar a ação, mas a maioria deles não pensou em como vão mandar na mesa.
Quando sou o big stack em um torneio, ser o cara mais agressivo é sempre a minha primeira consideração. Eu quero eliminar jogadores, continuar crescendo o meu stack e evitar situações perigosas. Se puder criar um cenário onde serei o chefe da mesa - ou seja, que eu determinarei os tamanhos dos potes -, o resto da ação torna-se fácil de ler. Eu posso roubar blinds e antes frequentemente e, se alguém der um re-raise, é muito fácil colocá-lo em uma mão, pois sei que só podem me enfrentar com cartas muito fortes.
Um dos pontos principais para se tornar um "empurrador", com stack grande, é ter consciência sobre o estilo dos seus parceiros na mesa e o tamanho de seus stacks. Não deixe que os short-stacks tenham fácil acesso a jogadas de all in com qualquer Ás. Se você aumentar com uma mão como 89s e um short-stack vier com um all in por cima, daí vocêcriou uma situação ruim. Mesmo que tenha os odds corretos para dar call, não deve querer dobrar ninguém em fichas.
Você também tem que reconhecer aqueles jogadores que não vão enfrentar um cara "empurrador", ou que estão apenas querendo sobreviver e entrar na faixa de premiação, mas que estão com poucas fichas e que não tem escolha a não ser empurrar all in. Em algum momento, todo jogador chega a seu limite. Você tem que ter consciência de quando chega esse momento, para não dar fichas de graça, sem razão alguma, a alguém que está pronto pra te enfrentar empurrando all in, colocando você em uma situação desagradável.
Algumas vezes, para ser um jogador agressivo, você tem que dar calls marginais mesmo quando não quer. Por exemplo, se sinto que o short-stack está empurrando com qualquer Ás, as vezes eu me arrisco com um gamble, mesmo que ache que estou atrás dele pré-flop. Se tenho algo como KQs, vou tentar eliminar esse jogador do torneio. Eu basicamente jogarei com qualquer coisa até K8s, pois, se ele tiver algo como 66 ou Ax, é uma escolha com a qual posso viver.
É claro que ser muito agressivo não significa que você deve deixar a sua agressividade ultrapassar o seu bom senso. Jogar com um poker inteligente - aumentar nos momentos certos contra os jogadores certos - é sempre algo que você deve ter em mente. Por exemplo, se está subindo do button com uma mão fraca como T6 contra dois short-stacks nos blinds e um deles empurra all in, você criou uma situação ruim que poderia ter evitado.
Se eu estou dando raise dessas posições com mãos como K9, TJ ou A9, não me preocupo muito em tomar call, ou um re-raise de um short-stack. Uma boa regra, nessa situação, é se perguntar se seu adversário poderia empurrar com T6. A resposta é, provavelmente, não. Eles dariam fold em um T6, então você criou uma situação ruim, ao entrar com essa mão, para início de conversa.
Quando você está tentando ser o "empurrador", procure sempre imaginar o que seus adversários fariam se eles tivessem suas cartas. Coloque-se na posição deles e inverta as mãos. Se você acha que eles dariam all in com a mesma mão que você está segurando, então sua mão é forte e você deveria mesmo é empurrar. Se você acha que eles largariam essa mão, então talvez você deva largá-la também.
Existem algumas mãos que você vai jogar, não importa o que ocorra. E, se estiver atrás, não pode se preocupar em perder. Diga a si mesmo - dessa vez não bateu pro meu lado, da próxima vez será diferente. Se você aumentar com A8 no button e o blind empurrar com AT - paciência, pode acontecer. Deixe essa mão para trás e siga em frente. Para ser um "empurrador" de sucesso, você tem que estar pronto para enfrentar alguns riscos e perder algumas fichas. Lembre-se, não há problemas em perder uma batalha ou outra para poder vencer a guerra.
Fonte: Revista Flop (Agosto)
Nenhum comentário:
Postar um comentário